Para a história, nada

Acredito que até o Carnaval seja razoavelmente aceitável falar sobre a passagem de ano. Como neste 2002, o domingo após a primeira lua cheia da primavera no hemisfério norte - já descontado o periodo da quaresma - determina que a festa pagã seja comemorada logo no início de fevereiro, melhor não perder muito tempo. Até porque o relógio acelera-se com disposição apocalítica em direção ao equinócio.

Por outro lado, penso que temos que dar à nossa alma, pelo menos o mesmo prazo que a lei determina para a aceitação de cheques preenchidos, incorretamente, com o ano anterior. Aliás, é um bom termômetro: quando preenchemos os nossos cheques automaticamente, sem a menor hesitação quanto ao ano, então ele passou.

Por isso no hemisfério austral, para angústia de quem está esperando uma resposta e comodidade de quem protela uma decisão, acho que não é de todo ruim que no Brasil o ano comece sempre após o Carnaval. Ano fiscal, astrológico, tudo bem mudar de um dia para outro, porém o ano psíquico deve passar aos poucos.

É um processo digestivo, engolimos horas, semanas e meses, muitas vezes sem mastigá-los o suficiente. Com isso, fazemos um bolo que o nosso estômago emocional tem que amassar e passar ao duodemo, que absorve os momentos nutritivos à vida e as experiências calóricas ao espírito . Depois disso, através de movimentos peristálticos, movimentamos o que sobrou pelos intestinos inconscientes eliminando todo o tempo perdido. Considerando a toxicidade dos dias que consumimos atualmente, um período que vai da metade de dezembro até o Carnaval, parece ser o mínimo necessário para uma digestão saudável.

Então digerindo: o ano terminou sem o Washington e começou sem Oliveto, mau presságio.
Na sala de espera do dentista, uma Veja do ano passado tem na capa Ben Laden, olho bem nos seus olhos: são medonhamente tranqüilos.

Nenhum anúncio da edição me chama muito a atenção. Todos estão bebendo da mesma fonte. Não me excluo.

O Brasil fez bonito em Cannes. Não repetiu a performance de 2001, mas mesmo assim mordeu 34 leoezinhos e fez a Agência do Ano. Poderia ter feito melhor? Acho que está tudo bem assim.

0lhe bem, preste atenção... nada na mão, nesta também...
É fantástico! O quase trintão programa da Globo foi batido pela primeira vez desde que estreou, pelo Casa dos Artistas do SBT. É o show da vida.

Para um preso, menos 7 dias.
Para um doente, mais 7 dias,...
Para os ricos 7 jantares.
Para os pobres, 7 fomes.
Para a esperança, 7 novas manhãs.
Para a insônia, 7 longas noites...
Para o pessimista, 7 riscos.
Para o otimista, 7 oportunidades.
Para a terra, 7 voltas.
Para o pescador, 7 partidas.
Para cumprir o prazo, pouco.
Para criar o mundo, o suficiente.
Para uma gripe, a cura.
Para uma rosa, a morte.
Para a história, nada.
Para Época, tudo.

O comercial para a revista Época belisca o Grand Clio para a W/Brasil.
Fico triste ao pensar na Argentina.. Ao ver a chuva castigando quem não merece.
Seremos nós a bola da vez. O mundo acabou?
Sexto Sentido. Faz sentido. Dá calafrio.
Estou bem vivo pra experimentar o novo iMac.

Curitiba, 15 de janeiro de 2002.

Janeiro de 2002 é óbvio
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