A segunda-feira amanheceu tão ensolarada e Curitiba tão bonita que mesmo a sujeira, que envergonha nossa democracia, não foi capaz de tirar o seu ar de felicidade.
A vontade é parar de escrever e dar uma volta pelas ruas para respirar esse ar alegre que venta suave e cheiroso.
Acho que até quem não garantiu seu mandato, não consegue ficar totalmente triste num dia assim.
O voto eletrônico transformou muito o clima das eleições. Ainda no domingo, antes de dormir, e olha que domingo é dia de dormir cedo, o Brasil já conhecia praticamente todos os resultados.
Isso faz com que hoje, seja dia de explicar em vez de especular. E explicações nunca faltam, até porque além de excepcionais técnicos de futebol que somos, também possuímos o inato dom de marketeiros políticos. Aliás, me desculpem os profissionais mas a palavra "marketeiros" é muito feia.
Assim foi o nosso domingo: começou com encerramento das Olimpíadas e terminou com a conclusão das eleições. Difícil resistir à tentação da comparação. Havia, numa e em outra, favoritos e por isso houve surpresas, numa e em outra.
Centésimos de segundo, pontos percentuais, posições no ranking, gols e votos. Na hora da verdade, parece que todo o marketing político, todo o cuidadoso preparo científico, não são suficientes para garantir um pódio ou um gabinete. Uma refugada lá se vai o ouro.
Sei que a comparação é infeliz, um prefeito ou um vereador são infinatamente mais importantes para as nossas vidas do que uma medalha olímpica. Só tentei resgatar a nossa "humanidade", que tanto em Sidney como aqui, nos foi apresentada como uma "verdade" estatística, e nós, às vezes, assumimos isso como realidade.
Passada a lei seca e abertos os debates, na segunda ou na terceira rodada, já teremos concluído que não aconteceram surpresas. Iniciaremos então as discussões sobre o segundo turno.
Afinal, o melhor da vida política é essa sua imperfeição que precisa a toda hora ser discutida e rediscutida. Ainda que seja por amadores como nós.
Bom dia Dona Democracia.
02/10/2000