Geração Olivetto.

A geração cinquentona não serviu em nenhuma Grande Guerra e só acompanhou os seus horrores nos documentários tendenciosos dos vencedores e na coleção do Readers Digest do avô - guardada com outros souvenirs da revolução de 30. Mesmo assim, em matéria de vivência histórica, os tiozões não têm do que queixar-se. Na mesma década do assassinato de um presidente americano, a sua geração acompanhou à conquista da lua. E, ainda adolescente, testemunhou o bombardeio de napalm nas aldeias vietnamitas. Em seguida, teve um professor comunista de verdade, ouviu falar de paus-de-arara, e ficou sabendo de amigos presos. Alguns tornaram-se lendas e letras de música, outros apenas desapareceram na névoa esquizofênica.

Ainda nessa época, teve o privilégio de assistir à única seleção brasileira digna desse nome. Sobreviveu à meningite, à colera, à cuba libre, aos vinhos nacionais e as drogas importadas - a mesma sorte não tiveram seus idolos mais radicais, afogados no próprio vômito. Não sucumbiu à dezenas de hits de verão, ao cinema nacional, ao teatro engajado e a outras manifestações pós-modernas. E quando começou a procurar estágio visitou a Proeme, a Toni, a Deck,a Publitec, a Progresse a Denison.

Nunca teve absoluta segurança quanto à sua escolha profissional. Afinal, as suas primeiras experiências com a linguagem publicitária não eram muito estimulantes: rigorosamente às nove da noite, na TV Tupy, entrava aquele comercial do Cobertores Paraíba, lembrando que já era hora de dormir. Felizmente os seus pais, mais liberais, concediam uma meia horinha de prorrogação, tempo suficiente para assistir ao comercial de fim de ano da Varig ou, no inverno, das Casas Pernambucanas.
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