Ninguém lê anúncios

Provavelmente existam pesquisas e estudos tratando desse assunto de maneira mais profissional. Confesso que as minhas especulações, feitas sem nenhuma metodologia, confirmam esse regra. Como não são lá muito científicas, seus resultados não têm a nenhuma utilidade senão a de alimentar minha cabeça com mais uma informação inútil.

Também não nos cabe questionar se os nossos anúncios serão lidos ou não. Nossa parte é fazê-los da melhor forma possível, se serão lidos, não importa, desde que sejam premiados.
Por outro lado, se ninguém lê, muita gente escreve anúncios. E, entre todas as categorias, não existe nenhuma mais árida que a de anúncio de agência.

Escrever sobre o próprio umbigo é muito complicado.

Você brinca, o texto fica estúpido. É agressivo, parece pretencioso. Quando é sincero, soa falso. Quer ser inteligente, ninguém entende. Sem contar que para a sua aprovacão, a agência inteira revela o seu lado cliente. Como é difícil escrever para o mercado, sem parecer um oba-oba idiota.

Por isso, quando encontramos um anúncio de agência bacana o nosso reconhecimento tem que ser dobrado. Porque, pode estar certo, ele deu muito trabalho. E tudo isso para ninguém ler. Não é justo.

Movido por esse sentimento de indignação, eu separei um texto brilhante de um anúncio da W/GGK de 88, para dar a ele uma segunda chance.


Título: A felicidade traz dinheiro.

Texto: Nos últimos anos, nenhuma agência brasileira cresceu tanto quanto a W/GGK ou foi mais premiada que ela.

Mas, ainda mais importante do que ela tem feito, dos 164% que cresceu, das 27 novas contas ou dos prêmios que conquistou, é a maneira como ela tem feito tudo isso.
Numa agência de propaganda, onde as pessoas são a principal matéria-prima, administrar o astral é tão ou mais importante que administrar o caixa. Na idade do layout lascado, se acreditava que os publicitários trabalhavam mais e melhor sobre tensão. E que, se acirrando a disputa entre eles, se conseguia um clima de competição e consequëntemente um bom produto final.

A W/GGK tem provado que os publicitários trabalham melhor sob tesão. Que eles criam mais e melhor se não tiverem que perder tempo disputando entre si, e puderem dedicar todo o seu talento disputando mercado para seus clientes.

É por isso que ela consegue ser uma agência de qualidade e de volume. É assim que ela consegue atender tantas novas contas ou ser a agência brasileira que mais produziu comerciais em oitenta e sete, tendo apenas oito pessoas na criação e duas no RTVC.
Nos primórdios da propaganda dava-se cargos para não se dar salários. E, para se ter tantos cargos, era preciso também inventar muitas funções. Aqui cada homem é vice-presidente do seu contra cheque. E pronto. Para atender ao nosso cronograma, precisamos simplificar nosso organograma também. Nada de excesso de papéis, reuniões e moviolas.

A W/GGK também não faz lobby. O nosso único lobby é uma sala na entrada da agência. Onde os clientes entram pelo traballho que sai daqui.

E isso é tudo que qualquer homem de propaganda quer da agência em que trabalha. Isso gera realização profissional, um alto índice de felicidade per capita.

Que por sua vez gera bons anúncios, bons negócios, crescimento e prêmios.
Porque dinheiro só não traz felicidade, pra quem só pensa em dinheiro.

Marca: W/GGK

Av. Dr. Cardoso de Melo, 1750 - São Paulo - SP - Tel.: 533 23 11

Criação: Roberto Cipola e Nizan Guanaes



02/09/00
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