Boa pergunta. Arriscando uma resposta pra lá de sem vergonha, faz sentido supor que os mais prejudicados sejam todos aqueles que nada tem a ver com as causas do imbrolio. Comumente quem paga é o cidadão comum, esse agente social cuja única função na economia é produzir em prejuízo próprio. Dessa vez não deve ser diferente.
Mas se toda perda é sempre dolorida e até humilhante - como no caso da perda do emprego -, a conjuntura de crise fornece também as melhores justificativas e desculpas para quase todas as iniciativas humanas. Sejam elas sensatas ou impensadas, covardes ou agressivas, práticas ou inconsequentes. Pode-se agir em seu nome ou fingir-se de morto que está valendo.
Os mesmos que hoje sugerem cautela, a pouco aconselhavam ousadia. E isso não põe em questão a autenticidade dos seus diplomas ou a integridade de seus caráteres. É a circunstância que transforma, do dia para noite, gurus em charlatães e experts em trapalhões.
Entre juros e juras caminhamos desconfiados pelas estradas nebulosas do século XXI. De alguma forma todos perdemos um pouco: de dinheiro, de esperança e oportunidades. Sobretudo perdemos muito tempo tentando uma explicação diferente para o óbvio.