Não está face para ninguém.

Não sou o pioneiro, nem o melhor preparado, para tentar analisar o comportamento dos usuários do Facebook ou seriam utilizadores. Quem sabe clientes ou facers. Talvez membros da comunidade. Não importa, embora a dúvida já indique o que me espera nessa despretensiosa especulação.

Não sei ao certo há quanto tempo cai nessa rede social, mas já faz bem uns 6, 7 anos. Durante todo esse período, nunca me tornei um publicador compulsivo, nem um caçador incansável de amigos desaparecidos, colegas de classe ou amores passados. Mesmo assim, a sabedoria eficiente da rede foi capaz de provocar os mais improváveis reencontros e refazer as flores partidas pelas escolhas ou destino de cada um. De minha parte, só por esse feito Mark Zuckerberg já mereceria alguns milhões de dólares.

Acompanhei a fase gourmet, que se expressava em fotos de pratos produzidos e banquetes macabros - com direito a louça suja, garrafas vazias e copos usados. Depois veio a era pet com representantes de todas as raças e espécies. Ainda nessa fase, como uma subcategoria, houve a das causas zoologicamente nobres que propunham adoções, denunciavam maus-tratos e nos comoviam com imagens chocantes de cães e gatos judiados pela má índole de nossa espécie.

É bom lembrar que, se não estiver batendo com a linha do tempo, nunca fui muito organizado em relação a ordem do passado. Em seguida, vieram as mensagens sábias, inteligentes e bem-humoradas - pelo menos na opinião de quem publicou - que, no fim das contas, é o que importa. E as Lispector, os Drummond, os Pessoa, os Bandeira, os Sabino. Valeu a pena? Tudo vale a pena se alma não é pequena...

Todo esse conteúdo permeado pelas notícias do dia a dia: o playboy embriagado que causou um acidente terrível; o policial truculento que cometeu uma arbitrariedade inaceitável em um país que se diz democrático, em estado de direito e não sei o que mais; o homossexual que foi covardemente espancado. Além do escândalo do mensalão; o escândalo da previdência; o escândalo da estatal; o escândalo da celebridade; o escândalo do escândalo.

E, depois de ano e meio, o julgamento do playboy embriagado que causou um acidente terrível. E que pode ficar em liberdade porque é réu primário, deputado, advogado, bonitão, rico e filho da puta e não existe justiça nesse país de merda...

Em seguida, os espetáculos imperdíveis, os concertos de rock antológicos, as bandas de terceira idade que continuam na estrada. - Me respeita, moleque! Eu poderia ser seu ídolo do seu pai. Os Rock in Rio, os Lollapalooza no Rio, Chile, Argentina – todos cenários perfeitos para se perder um iPhone.

Me perdoem, pela falta de atenção, os cinéfilos, os fotógrafos, os profissionais de todas as áreas que usam a rede social. Não poderia esquecer também dos viajantes, que enfeitam nossas tardes com paisagens inspiradoras. Além dos artistas, poetas, compositores, anarquistas, revolucionários. Corintianos, palmeirenses, são paulinos. Apaixonados, em relacionamento sério, corujas, avós, agregados. Recém-nascidos, solitários, revoltados, polêmicos. A lista não tem fim.

Só sei que para entender não está face para ninguém.


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