Amanhã tudo volta ao anormal.


Se você fosse sincera, Aurora, concordaria que, por traz dessa explosão de alegrias glamourizadas pela mídia, existe uma sombra um tanto melancólica no Carnaval. Não fosse o envolvimento impregnado de intenções comerciais da TV, quem sabe a festa pudesse ser apreciada de uma forma menos espetacular e mais natural.

Por que estás tão triste? Mas o que foi que te aconteceu? Que seria da gente sem cerveja, sem Veja, sem Momo, sem Globo? Afinal, todo mundo leva vida no arame. E sem sassaricar
essa vida é um nó, temos de admitir.

Vestir uma camisa listrada e sair por aí é mais que passado, é ultrapassado. Não me diga mais quem é você!
 Amanhã tudo volta ao anormal.

Não me leve a mal

Se é profano, 
Por que é feriado? 
Se cai na terça, 
Por que começa no sábado?
Se ninguém o batizou como tal, 
Por que se chamou Carnaval?

Verão de 14

Sábado, 8 de fevereiro. No segundo andar, a janela da sala é voltada para oeste, na direção do Ibirapuera – depois das 3 horas o ambiente fica muito quente até que o sol se canse de gratinar a cobertura crocante das lajes da cidade e vá castigar outros hemisférios. No entanto, a paisagem é refrescante, mesmo do interior do forno, do ponto de vista do assado: uma pequena vila, com casinhas de vila, pessoas de vila e histórias de vila, que também assam calmas à sombra do murro que as separam do mundo.

Uma chuva se forma a noroeste, o céu começa a ficar carregado e o sol insiste em acender as bordas das nuvens, ameaçando voltar - prestigiado pelo horário de verão. Abro a geladeira à procura do que nunca tem, enquanto aguardo a chuva. A noite chega tarde, às oito e meia, ainda não choveu e é capaz que não chova hoje, só semana que vem.

A timeline não para de crescer.

O facebook faz aniversário e quem posta é você. Mesmo quem não morre de simpatia pela ferramenta tem de dar os parabéns. Depois de 10 anos de estrada digital o projeto parece que se sustenta de forma sadia. Conheço a invenção do Zucka como usuário e dessa forma minha percepção não se aprofunda muito além da sua superfície amigável.

Hoje, no entanto, ao pesquisar se a data estava correta, no Google, evidentemente, pude notar uma grande especulação sobre o ciclo de vida do facebook. Mas o dia é de festa, de fazer comentários engraçados, compartilhar links e publicar fotos de línguas-de-sogra.

Parabéns


Não está face para ninguém.

Não sou o pioneiro, nem o melhor preparado, para tentar analisar o comportamento dos usuários do Facebook ou seriam utilizadores. Quem sabe clientes ou facers. Talvez membros da comunidade. Não importa, embora a dúvida já indique o que me espera nessa despretensiosa especulação.

Não sei ao certo há quanto tempo cai nessa rede social, mas já faz bem uns 6, 7 anos. Durante todo esse período, nunca me tornei um publicador compulsivo, nem um caçador incansável de amigos desaparecidos, colegas de classe ou amores passados. Mesmo assim, a sabedoria eficiente da rede foi capaz de provocar os mais improváveis reencontros e refazer as flores partidas pelas escolhas ou destino de cada um. De minha parte, só por esse feito Mark Zuckerberg já mereceria alguns milhões de dólares.

Acompanhei a fase gourmet, que se expressava em fotos de pratos produzidos e banquetes macabros - com direito a louça suja, garrafas vazias e copos usados. Depois veio a era pet com representantes de todas as raças e espécies. Ainda nessa fase, como uma subcategoria, houve a das causas zoologicamente nobres que propunham adoções, denunciavam maus-tratos e nos comoviam com imagens chocantes de cães e gatos judiados pela má índole de nossa espécie.

É bom lembrar que, se não estiver batendo com a linha do tempo, nunca fui muito organizado em relação a ordem do passado. Em seguida, vieram as mensagens sábias, inteligentes e bem-humoradas - pelo menos na opinião de quem publicou - que, no fim das contas, é o que importa. E as Lispector, os Drummond, os Pessoa, os Bandeira, os Sabino. Valeu a pena? Tudo vale a pena se alma não é pequena...

Todo esse conteúdo permeado pelas notícias do dia a dia: o playboy embriagado que causou um acidente terrível; o policial truculento que cometeu uma arbitrariedade inaceitável em um país que se diz democrático, em estado de direito e não sei o que mais; o homossexual que foi covardemente espancado. Além do escândalo do mensalão; o escândalo da previdência; o escândalo da estatal; o escândalo da celebridade; o escândalo do escândalo.

E, depois de ano e meio, o julgamento do playboy embriagado que causou um acidente terrível. E que pode ficar em liberdade porque é réu primário, deputado, advogado, bonitão, rico e filho da puta e não existe justiça nesse país de merda...

Em seguida, os espetáculos imperdíveis, os concertos de rock antológicos, as bandas de terceira idade que continuam na estrada. - Me respeita, moleque! Eu poderia ser seu ídolo do seu pai. Os Rock in Rio, os Lollapalooza no Rio, Chile, Argentina – todos cenários perfeitos para se perder um iPhone.

Me perdoem, pela falta de atenção, os cinéfilos, os fotógrafos, os profissionais de todas as áreas que usam a rede social. Não poderia esquecer também dos viajantes, que enfeitam nossas tardes com paisagens inspiradoras. Além dos artistas, poetas, compositores, anarquistas, revolucionários. Corintianos, palmeirenses, são paulinos. Apaixonados, em relacionamento sério, corujas, avós, agregados. Recém-nascidos, solitários, revoltados, polêmicos. A lista não tem fim.

Só sei que para entender não está face para ninguém.


Pra celebrar


Paisagem nº 4

São Paulo é um palco de bailados russos.
Sarabandam a tísica, a ambição, as invejas, os crimes e também as apoteoses da ilusão…
Mas o Nijinsky sou eu !
E vem a Morte, minha Karsavina !
Quá, quá, quá ! Vamos dançar o fox – trot da desesperança,
a rir, a rir dos nossos desiguais !

Mário de Andrade

Teca em São Paulo


Na Paulista rola uma espécie de país - que não é Brasil nem brasileiro. 

Que não se divide em Rios, Minas, Espíritos Santos e Améns. 

São só ninguéns, só tambéns, só vaivéns, só poréns. 

Só tão poucos, todavias, Quem sabe algum Araquém. 

Só nós dois. Atravessando na faixa. Deixando a vida para depois.

Pode ir de olhos bem fechados.

O MIS apresenta Stanley Kubrick, inédita na América Latina. Realizada em parceria com a Mostra Internacional de Cinema, a exposição reúne a singularidade das obras e influências do diretor na trajetória do cinema mundial a partir de centenas de documentos originais, como materiais em áudio e vídeo e diversos objetos de cena, documentos e fotos utilizados em seus longas-metragens.

Stanley Kubrick é dividida em dezesseis ambientes apresentados em uma expografia inovadora concebida e adaptada pela direção do MIS, que proporciona uma experiência multisensorial inédita.

Nascido em 1928 em Nova York, Kubrick é autor de grandes clássicos do cinema, e reconhecido pelas inovações técnicas, diversidade e riqueza dos temas apresentados ao longo de sua carreira como fotógrafo, diretor, roteirista e produtor. Mesmo antes de começar a fazer filmes, enquanto trabalhava como fotógrafo para a revista Look na década de 1940, Kubrick demonstrou virtuosismo em suas composições, que caracterizaria suas realizações como um dos diretores mais inovadores entre as décadas de 1950 e 1990.

Mais do que trazer uma cronologia do artista, desde o início de sua carreira até os últimos filmes que concebeu, a exposição apresenta a singularidade de sua obra e suas influências em seções dedicadas aos clássicos como Lolita (1962), 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e O Iluminado (1980).

Além de produzir um catálogo exclusivo da exposição, o MIS é coeditor do livro Stanley Kubrick, de Michel Ciment (Cosac Naify), que será lançado em outubro. Stanley Kubrick foi feita com recursos do Governo do Estado de São Paulo e conta com patrocínio do Itaú e da Sabesp.

Última semana de visitação | Horários especiais
Sexta (10.01): das 12h até às 24h;
Sábado (11.01): das 10h às 3h da madrugada
Domingo (12.01): das 10h às 23h

Stanley Kubrick – The Exhibition

A exposição foi organizada pelo Deutsches Filmmuseum Frankfurt, Christiane Kubrick e The Stanley Kubrick Archive da University of The Arts London, com o apoio da Warner Bros. Pictures, Sony-Columbia Pictures Industries Inc., Universal Studios Inc. e SK Film Archives LLC. Após sua inauguração, em 2004, no Deutsches Filmmuseum Frankfurt, Stanley Kubrick passou pelas cidades de Berlin (2005), Melborn (2005-2006), Gante (2006 – 2007), Zurique (2007), Roma (2007 – 2008), Paris (2011), Amsterdam (2012) e Los Angeles (2012 – 2013).
Sobre Stanley Kubrick
Filho de Jacques L. Kubrick e Gertrude Kubrick, Stanley Kubrick nasce em 26 de julho de 1928, no Bronx, em Nova York. Aos 13 anos de idade, ganha uma câmera do pai e passa a frequentar a escola de ensino médio William Howard Taft. Cinco anos depois, começa a integrar a equipe de fotógrafos da revista Look onde fica até o ano de 1951.

Em 1956, ele e James B. Harris fundam sua própria produtora de cinema, a Harris-Kubrick Pictures. No ano seguinte, durante as filmagens de Glória Feita de Sangue, em Munique, conhece a atriz Susanne Christian, nascida Christiane Susanne Harlan, e se casa com ela. Após filmar Spartacus, em 1961, deixa Hollywood e se muda para Londres. Quatro anos depois, inicia as filmagens de 2001: Uma Odisséia no Espaço e inicia os preparativos para o projeto Napoleão, nunca finalizado.

Em função de reações adversas do público e ameaças pessoais ligadas ao filme Laranja Mecânica, Kubrick e a Warner Bros. tiram o filme de cartaz na Grã-Bretanha, no ano de 1974. Durante todo o verão de 1989, realiza os trabalhos para Inteligência Artificial, baseado no conto Super Brinquedos, de Brian Aldiss.

Kubrick recebe o prêmio D.W. Griffith, do The Directors’ Guild of America, em 1997, pelo conjunto de sua obra, e o Leão de Ouro no Festival de Veneza, como tributo a seu trabalho. Falece, dois anos depois, no dia 7 de março, após ataque cardíaco em sua residência próxima a St. Albans, Inglaterra, quatro meses antes da estreia de De Olhos Bem Fechados.

Stanley Kubrick | Ingressos
Online
R$ 20 (não há venda de meia-entrada)
Ingressos somente antecipados à venda a partir de 1/10 pelo site: www.ingressorapido.com.br
Atenção: O visitante que realizar a compra antecipada não pode utilizar o ingresso em outra data que não a requerida.

Recepção MIS
R$ 10 (inteira) R$ 5 (meia)
Ingressos para a mesma data da visitação à venda nos horários: quartas às sexta-feiras, das 12h às 20h; sábados, das 10h às 21h; domingos e feriados, das 11h às 19h. Terças-feiras: Ingresso gratuito.

Conteúdo copy/paste de:
http://www.mis-sp.org.br/icox/icox.php?mdl=mis&op=programacao_interna&id_event=1393

Retrospectivas, torcidas e divagações.

1 Os pontos de exclamação, que se contentavam em finalizar com entusiasmo os jobs, continuam ganhando espaço em todas as mídias e extrapolando a função de enfatizar emoções e títulos de varejo.

2 As marcas, atualmente conhecidas como logomarcas, ocuparam um espaço cada ainda maior no lado direito inferior dos anúncios. E, no ano que passou, qualquer corpo abaixo do 14 foi considerado ilegível para aprovação. Isso quer dizer que a miopia foi substituída pela hipermetropia em marketing.

3 Francesc Petit, o P da DPZ, cumpriu seu estágio na agência Terra. Quem trabalhou ao seu lado diz que era foda, mas pelo seu nome devia ser apenas meia foda. Deixa grandes trabalhos e leva em sua pasta os melhores anos da propaganda brasileira.

4 O povo foi para rua, mas levou seus smartphones. Sua voz entrou por uma orelha e saiu por outra. Ficaram as postagens. Não são só 20 centavos, diziam. Talvez por isso, mais de 20 milhões de brasileiros adultos sofram de azia, segundo estudo publicado pela Organização Mundial de Saúde.

5 Enquanto isso, os mocinhos foram para Riviera Francesa: Hugo Veiga e Diego Machado, abocanham o Grand Prix na categoria Titanium para a Ogilvy Brasil, com Real Beauty Sketches para Dove/Unilever.

6 País estranho esse nosso. Talentoso, cínico, corajoso e imprevisível.

7 O Supremo Tribunal Federal existe mesmo ou é resultado das nossas ingênuas projeções de justiça? Embargos infringistes - bem que poderia ser nome de uma banda de adolescentes rebeldes.

8 E da Copa ninguém escapa. É a pátria de chuteiras do Nelson Rodrigues que, a cada quatro anos, se engana à procura de uma identidade que vai durar exatamente um mês. 

9 E logo em seguida eleições para Presidente, Governador, Senador, Deputado Federal e Estadual. Agora é a pátria descalça - ou melhor de Havaianas, para dar um tom mais classe média - que, a cada quatro anos, se engana escolhendo justamente quem não a representa.


10 Um ano legal para inventar, atuar e torcer.
Portfolio ...|... Revista ...|... Below ...|... Jornal ...|...Design...|... Contato ..|..Alltype..|