Multiplataformes são as sandálias do nosso século

Quem sabe, com o passar do tempo, até as nossas incuráveis ansiedades acabarão se incorporando à realidade online, multiplataforme e convergente, a qual estamos nos habituando meio sem querer nem resistir.

Imagine de que forma as cabeças de outras épocas lidariam com as conexões que nos entrelaçam como caranguejos num balaio. Às vezes, parece que estamos alimentando um organismo de muitas patas e nenhuma asa, um monstro mitológico gerado no útero fértil da cultura tecnológica.

Foi-se o tempo em que se podia ser só ou mal acompanhado. Em que convidava-se para sair e não para comunidades com centenas de perfis mais ou menos familiares; em que grupos se divertiam improvisando barricadas e correndo da polícia, e que conexões eram assunto exclusivo dos serviços secretos oficiais.

Nada contra a modernidade, o conforto e a tecnologia. Nenhuma objeção ao 3D, ao HD ao WiFi. Enfim, chegou a esperada era em que vulgares e avatares ocupam o mesmo espaço no tempo. No delírio virtual há lugar para o pop e o erudito, para o comum e o maldito.

Bem-vindas todas as formas de inteligência eletrônica que contabilizam genes, calculam impostos e produzem arte. Por outro lado, tudo contra a mediocridade, tolerada com uma passividade perturbadora para um século que mal começou a andar.

"Infeliz quem nega o seu tempo e tolo quem o venera", declarou o ambulante sino-brasileiro enquanto preparava yakisoba na saída do Metrô.

Portfolio ...|... Revista ...|... Below ...|... Jornal ...|...Design...|... Contato ..|..Alltype..|