Ano novo job novo

Nos suspiros finais de 2010, após a extravagância gastronômica de Natal, constatei que entre as inúmeras tarefas que corriam o risco de virar o calendário sem solução estava a minha própria mensagem de final de ano - peça básica na política de CRM de qualquer pessoa jurídica que pretenda se manter viva durante o ano seguinte. Força, pensei. Afinal, depois de ter escrito umas cento e cinquenta ideias para jobs cujos melhores briefings não iam além do “criar uma mensagem de final de ano bem criativa”, concluí que não seria o fim do mundo.

Então, com os últimos neurônios capazes de produzir sinapses, ainda que quimicamente alteradas pelas moléculas sedutoras do cardápio festivo, me entreguei com otimismo profissional a tarefa. Ingenuidade minha, a essa altura do campeonato, já deveria saber que não existe job fácil. E esses, de fim de ano, se não estão entre os mais difíceis de fazer, seguramente, figuram entre os mais improváveis títulos nos shortlists. Afinal, o padrão consagrado como referência sempre inclui um “boas-festas”, um “próspero ano-novo” e outros clichês para lá de agridoces – não há direção de arte, dados variáveis, faca especial ou traquitana que resolva com dignidade.

Ironicamente, foi justamente questionando a escolha profissional e a missão quase suicida, assumida aos 44 minutos do segundo tempo, que me lembrei do clássico “todo job é ruim até você encontrar uma grande ideia”. E o pior, nesse caso, nem dava para culpar o atendimento. Bom, resumindo, porque ninguém merece os detalhes sórdidos de um trabalhinho mixuruca como este, acho que encontrei uma saída razoavelmente honesta. Não muito criativa, confesso. Na verdade, bem pouco criativa, quase sem-vergonha, admito. Mas, felizmente, o clima da época me permitiu o consolo de pensar que pelo menos foi de coração.

Gostaria de ter fechado esse ano de eleições e Copa com algo mais apropriado. Registrado com elegância votos de um futuro brilhante para o mercado, com muitos troféus e medalhas. Poderia também ter sido divertido, prometendo não faltar tapas nas costas, obrigados e reconhecimentos. Ao final, quem sabe, completasse a piada prevendo propostas, décimos quartos salários e até aumentos. Nem precisaria de grandes textos ou leiautes, apenas uma forma original de dizer que, em 2011, a ideia, enfim, prevaleça.

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