Cavalo de Tróia em vez de Aedis aegypts.

Recentes estudos do IBGE mostram que o número de computadores duplicou em lares que receberam auxílio de programas sociais do governo. Em 2004, um pouco menos de 1,5% dos domicílios beneficiados tinham computadores, em dois anos, essa porcentagem atingiu 3,1%.

Aqui vão mais alguns dados do estudo: na Região Norte o percentual era de 0,7% em 2004 e foi para 1,8%; no Nordeste, foi de 0,7% para 1,5%; no Centro-Oeste, de 2,4% para 4,5%; no Sudeste, de 2,5% para 5,6%; e no Sul, de 1,8% para 5,2%.

Não precisa entrar no detalhamento numérico da estatística para concluir que é muito computador. Para quem gosta, vale até fazer umas brincadeiras do tipo: se somadas todas as capacidades dos discos rígidos, daria para abrigar toda a contabilidade do jogo do bicho. Ou, colocados lado a lado, os monitores formariam uma tela do tamanho do estado de Sergipe.

Agora se, como dizem, o computador foi inventado para resolver problemas que antes a gente não tinha, for verdadeira, então terá sido acrescentado aos lares atingidos pelos programas sociais, a maior dose de aborrecimento deste a criação do horário político obrigatório.

Pensando bem, que bom seria se os problemas dessas famílias se resumissem a bugs em vez de colapsos sanitários. As pragas, aos Cavalos de Tróia em vez dos Aedis aegyptis. E os vírus, aos Netskys no lugar dos Flaviviridaes.

Talvez, daqui a pouquíssimo tempo, o novo brinquedo alcance o mesmo nível de importância que a TV mantém a décadas nos lares insalubres. Infelizmente porém, tudo indica que a novela de quem divide seu acanhado espaço com o mágico objeto de 26 polegadas, adquirido em suadas prestações, está longe de um final feliz.
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