Enchendo linguística

Sem querer gerar mais polêmica do que a dimensão do assunto merece, fiz um pequeno exercício imaginando como seria se a nova proposta de lei, apresentada pelo governo do Paraná, que determina a tradução de palavras estrangeiras nos materiais publicitários, fosse estentida às razões sociais das empresas de comunicação e ao vocabulário da publicidade.

Vejam como ficariam as novas marcas, numa tradução livre:

A Heads, obviamente, deveria ser chamada Cabeças.

A Master, de Mestre ou Professor.

OpusMúltipla, de ObraMúltipla.

A Bronx, não sei… Cristo Rei ficaria muito estranho, não é? Talvez nesse caso ficasse
melhor um complemento tipo: Bronx – Distrito de Nova Iorgue.

A Getz vai se daria bem, poderia, acertadamente, alegar intraduzibilidade.

Da mesma forma, a Blu que não é Blue de azul, e sim Blu de não sei o que, ficaria como está.

Finalmente, a Exclam passaria a ser Exclamação e ponto final, quer dizer, ponto de exclamação.

E as empresas de Design ou melhor de Desenho também teriam os seus brands, desculpe, as suas marcas, sensivelmente atingidas por essa determinação.

A Art Office, por exemplo, se tornaria Escritório de Desenho. Mudança que certamente ocasionaria estranhos diálogos do tipo:
“Onde você trabalha?”, pergunta o rapaz.
“No Escritório de Desenho”, responde a garota.
“Sei, e como se chama o escritório?”, insiste o rapaz.
“Escritório de Desenho”, repete a garota.
“Ah!”

E a Brainbox - ex Zeh Design - então! Iria ficar parecendo título de thriller* de Stephen King ou matéria de capa da Superinteressante: Caixa de Cérebros.
*romance ou filme de suspense

É claro que a lista não acaba por aqui, quem estiver sem job e quiser continuar pode ficar à vontade.

No entanto, mais prejudicados pela nova ordem linguística paranaense seriam aqueles que encontraram na palavra Freelancer um amparo, pelo menos moral, que conferia certa dignidade à condição de excluídos da estrutura formal do mercado.

A partir da nova lei, quem estivesse vivendo o seu período sabático compulsório, e não quisesse ser chamado legalmente de biscateiro ou desempregado, teria que encontrar novas designações para a sua situação profissional tais como: redator independente, fornecedor individual de conteúdo criativo, diretor de arte passageiro, empreendedor temporário, provedor autônomo de idéias. E assim vai.

We all live in yellow submarine, yellow submarine...

O designer gráfico Heinz Edelmann, conhecido por seu trabalho no filme dos Beatles "Yellow Submarine" (1968), morreu aos 75 anos, informou a Academia de Arte e Design.
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